segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Momentos de decisão: entre o mínimo aceitável e a calamidade

A realidade do futebol leonino com que nós sportinguistas temos de conviver é neste momento duríssima. No entanto, a verdade é que já estamos relativamente habituados a este tipo de sofrimento. A margem de erro é inexistente, isto se quisermos que esta época traga alguma de positivo. Neste momento há que controlar os danos, evitar uma época desastrosa e tentar atingir os mínimos, ou seja, o 2º lugar e consequente apuramento para a liga dos campeões, conjugado com a conquista da Taça de Portugal.

Na taça, jogamos uma final amanhã, no mesmo estádio onde no passado sábado tivemos um justo dissabor, contra a valorosa equipa do GD Chaves. A luta pelo importantíssimo apuramento directo para a liga dos campeões também começa a estar seriamente ameaçada. Não pelos 4 pontos que nos distanciam do 2º lugar, mas sim pela falta de qualidade individual (jogadores) e colectiva (treinador) demonstrada pela equipa principal do Sporting CP, tanto nos momentos ofensivos como defensivos. Só assim se explicam as apenas 10 vitórias em 17 jogos, tal como o fraco pecúlio de golos marcados/sofridos e a excessiva dependência do (quanto a mim) melhor jogador da equipa nesta temporada, o holandês Bas Dost.

Se juntarmos a este quadro os factos de ter havido uma discussão acalorada entre o presidente e o plantel após o último jogo em Chaves e de haver eleições no Sporting CP a 5 de Março, parece haver uma conjugação do estilo lei de Murphy. Primeiro, porque depois dum conflito deste tipo, os jogadores podem decidir queimar o treinador e o presidente, ou o presidente arrastando o treinador, se preferirem. Segundo, porque todos sabemos que uma parte bem significativa dos sócios (de qualquer Clube em Portugal) votam muito de acordo com as emoções que sentem, do que propriamente baseados numa análise factual e racional da realidade. Se se ganham jogos e títulos é tudo absolutamente espectacular, já se a bola não entra, põe-se tudo em causa, ignorando-se o trabalho realizado nas mais diversas áreas. Isto tem tudo para correr mal, o próximo mês e meio arrisca-se a ser demasiado duro para o próprio Sporting CP. É curiosamente nestes momentos que me torno menos pessimista, menos bipolar e menos aziado, tentando ajudar com alguma clarividência e racionalidade que apesar de tudo até me são características. Por isso apelo a todos os leões que lerem este texto, que mantenham toda a calma, discernimento e racionalidade, não sendo toldados pelas emoções duma época quase desastrosa na altura de irem votar. Isto independentemente da decisão de voto final, como é óbvio.

Quanto a responsabilidades por mais este falhanço, farei uma análise mais exaustiva no final da temporada (ou antes, no indesejável mas possível caso de já estar tudo definido antes do fim). No entanto, penso ser razoável dizer que há dois grandes responsáveis pelo mau percurso desta temporada: falo obviamente de Bruno de Carvalho e de Jorge Jesus. O presidente porque é sempre o máximo responsável por todos os resultados do Clube e da SAD, mas também porque falhou no mercado e porque deu um poder excessivo ao treinador. Esta atribuição da função de manager a Jorge Jesus era, pelo que já se conhecia dele, desaconselhável. O amadorense, sendo fantástico ao nível do treino, nunca me pareceu forte ao nível da prospecção de jogadores, e infelizmente esta época veio demonstrar essa incapacidade. 

Veremos como corre o que resta da temporada, esperemos o melhor e preparemo-nos para o pior. um abraço e Saudações Leoninas



2 comentários:

  1. Excelente blog. Mesmo à Sportinguista: Pessimista e Bipolar.

    Concordo com o post. A lei de Murphy está aí à porta e parece-me que vamos ter outro ano zero.

    Duvido que exista confiança e qualidade suficientes para inverter o que se está a passar. Duvido que este presidente se consiga manter em funções face a uma época desastrosa a todos os níveis. Duvido que existam sportinguistas suficientes que lhe dêem o benefício da dúvida nas próximas eleições. Duvido do Sporting, porque o Sporting raramente me dá confiança suficiente para não duvidar.

    Não consigo achar que a responsabilidade das contratações recai em cima de Jorge Jesus. Já antes dele contratávamos mal. O que é que mudou? Agora contratamos mal e caro porque há mais dinheiro para gastar.

    Já na parte técnica, a culpa é do treinador. Para mim, quando (quase) todos os jogadores jogam mal, a culpa só pode ser do treinador. Por mais contratações falhadas que tenhamos feito, continuamos a ter jogadores com qualidade suficiente para jogar futebol e ganhar a mais de metade das equipas da 1ª Liga. Jorge Jesus é dos melhores treinadores que aí andam mas esta época está a ser do nível dos medíocres treinadores que passaram pelo Sporting na última década e meia. E não é só em termos de resultados mas também ao nível do futebol apresentado. Cabe-lhe a ele descobrir porquê e que faça por corrigir para que na próxima época possamos estar mais fortes.

    Cumps

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. RMSCP

      Desde logo obrigado pelo teu comentário.

      Certíssimo, o Sporting já contratava mal antes do JJ tomar conta desse dossier. Mas quando há mais dinheiro, há mais responsabilidade, e supostamente o risco associado às contratações diminui. O atribuir desse dossier a JJ foi um erro do presidente, porque o chiclas nunca demonstrou ser verdadeiramente competente nessa área. Já houve mais do que tempo para se formar um departamento de prospecção capaz no Sporting. E tem de ser assim, não há volta a dar, não é com os delírios sul americanos do JJ que vamos lá, tem de ser uma abordagem séria e profissional ao assunto.

      De resto, nada a acrescentar ao seu comentário.

      SL

      Eliminar